domingo, 4 de março de 2007

MORAL E LIBERALISMO

O neoliberalismo, que se critica muito pela sua “crueldade”, pela sua maneira “implacável” e até mesmo pelo seu carater “desumano”, nos remete a uma questão crucial.

O problema é o seguinte:

Os fundadores do pensamento liberal, na realidade não elaboraram nenhuma “teoria econômica”. Simplesmente generalizaram aquilo que lhes mostrava a experiencia. E a experiencia lhes mostrava que o mercado livre, a livre competência era o melhor para os consumidores. “Não recebemos o pão, a carne, o leite que consumimos da generosidade do padeiro, do açougueiro ou do leiteiro”, escreveu Adam Smith. Cada um só está preocupado simplesmente com os seus interesses pessoais e, sem outra questão, parece que a partir daí surge uma mão invisivel para guiar todos esses intereses pessoais para um resultado que seja, através do seu intercâmbio, o mais conveniente para a sociedade e o seu conjunto.
Por que dizem que o neoliberalismo é cruel? Simplemente porque o neoliberalismo vai na raíz da questão: Diz que não há nada melhor para a sociedade do que deixar que funcione a livre concorrência e competencia, que deixar que funcione o livre jogo do mercado. E, desgraçadamente, neste jogo, que é da vida, tem que haver ganhadores e perdedores. Por acaso são cruéis os jogadores de uma equipe de futebol quando ganham de um adversário? Por acaso não se respeitam e inclusive se admiram mutuamente? É também assim a competência capitalista. Imagine quando Henri Ford inventou o automóvel. A humanidade se utilizava somente dos cavalos como meio e tração dos transportes desde ha muitos e muitos anos. Talvez centenas de anos, milhares. Imagine quantas famílias viviam dos adereços e utensílios como ferraduras e outros ítens que estruturavam os transportes em várias épocas. Todas elas tendo o cavalo como elemento central do transporte. Imagine as fábricas de carroças e carruagens e os milhares de empregos que geravam. Os neoliberais diriam que tem que haver liberdade para que os automóveis entrem em todos os países. Diriam que eles trazem inúmeras e imensas vantagens a todas as populações e que a nova indústria vai cria milhares de novos empregos e postos de trabalho. Novas pequenas indústrias surgem, maiores e mais dinâmicas que as indústrias do transporte baseada no cavalo. Agora imagine o que diriam os socialistas e os populistas, ou socialistas populistas que ao fim e ao cabo são quase a mesma coisa. Começariam a gritar e protestar raivosamente. Entrevistariam as famílias que ficariam desempregadas com o fim das indústria de carruagens. Organizariam marchas de operários, cocheiros, ferreiros, coureiros e etc… Diriam que os cavalos eram a maneira mais condizente de transporte e aqueles que queriam trazer o automóvel eram agentes do imperialismo “yanqui”. Acusariam os neoliberais de cruéis e desalmados. Dentro da Igreja haveria por certo posições bem disitintas. Alguns diriam que não se pode viver correndo atrás dos prazeres materiais e que a Jesus Cristo bastou um simples burro. Outros católicos iriam dizer que o automóvel é um advento muito bom, um progresso, que facilitará as visitas das famílias e dos amigos, os homens poderão desfrutar mais do mundo e das criações de Deus. E como todas a coisas boas, basta coloca-las no seu lugar e não exagerar no seu papel. Diriam muitos que o automóvel ia dar trabalho a muita gente e que deveriam ser criadas organizações, imediatamente de forma que se ajude as famílias que fossem ficar sem trabalho. Não há nenhuma contradição entre estes últimos católicos e os neo-liberais. A principal preocupação dos neoliberais é a liberdade. Estão convencidos de que a liberdade é a melhor forma de elevar o nível de vida das pessoas. E o que farão as pessoas com a liberdade? O que farão as pessoas com o seu bem estar econômico? O neoliberalismo não tem a resposta! Cada um é que tem que tratar de encontrar as suas próprias respostas na busca da felicidade. Na Igreja Católica existe uma outra coisa. Sua principal preocupação é, justamente, com a busca da felicidade. E a máxima felicidade, nesta vida, é a vida reta, e o respeito pelos 10 mandamentos. E mais, a Igreja oferece uma perspectiva maior, a vida eterna.
Durante todo o século XIX, católicos e liberais estiveram em bronca. Aos liberais não lhes era saudável que a Igreja impusesse contrariedades a liberdade. A Igreja, por sua vez, dizia que os liberais, a libertade sem um propósito transcendente, só levaria a um terrível vazio existencial e a frustração do destino humano. Existem é claro, muitos liberais anti-religiosos e muitos católicos anti-liberais. É um caminho equivocado e talvez já superado pela história, pois a história não é outra coisa do que que luta!

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